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O Zé Pedro consegue a unanimidade que ultrapassa a da circunstância, e não há ninguém que não tenha uma palavra boa para ele. Ninguém, nem na calada da dor geral, destoa. 

E a razão é simples: o Zé Pedro foi a pessoa mais gentil, mais verdadeira, mais honesta, mais simpática, mais doce, foi uma pessoa boa, todo o tempo. Viveu, viveu muito e muito intensamente, soube aprender com tudo e só não saiu vivo desta maldita doença. Mas que deu uma luta do caraças, isso está à vista. Submissão, nunca.

A primeira vez que estive com ele, foi num programa chamado Top +, há muitos anos. Tímido como sou, foi naturalmente nele que encontrei a fresta de luz aberta para começar a conversar e a soltar alguma conversa coerente, de um miúdo que cresceu com os Xutos na sua vida, mas que via o Tim, o Gui, o Cabeleira e o Kalú ali ao pé, e tremia, e escondia-se,  não tendo sequer coragem de olhar de frente para eles. Mas com o Zé Pedro foi logo diferente, disse-me que tinha achado graça a um trocadilho qualquer que eu tinha feito num programa, umas semanas antes. Ele sorriu, aquele sorriso quente e solidário, aquele sorriso do Zé Pedro, amigável e seguro.

Desde esse dia foram muitos encontros, muitas entrevistas, e sempre manteve, não só o sorriso, mas sobretudo, vim a descobrir ao longo do tempo, uma cativante e genuína simpatia, serena de quem já conhece todos os lados e avessos desta coisa de viver, e sabe que somos todos iguais, nas nossas fraquezas, ilusões e misérias. E que vale a pena ser boa pessoa.

O Zé Pedro era muito boa pessoa, juntava em vez de dividir. Nunca lhe ouvi uma palavra menor em relação a quem quer que fosse, não alimentava intrigas, abominava mentira, procurava sempre o melhor: na vida, na música, no futuro, nas pessoas.

Já tenho saudades dele. De como ele me deu a conhecer musica nova tantas vezes. De como debatemos o nosso Benfica, outras tantas. Quando fui, na sexta-feira, ao Museu dos Coches, lembrei-me de como certamente ia sorrir perante aquele cenário tão grandioso, ele que odiava minutos de silêncio, tinha ali conversas de amigos à sua volta. O Zé Pedro foi um ser humano extraordinário. Foi mesmo. 

Aos Xutos, aquele forte abraço. Ergam escadas, partam muros.

Como sempre fizeram com ele, e, partir de agora, por ele. 

 

Zé_Pedro.jpg

 

 

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5 comentários

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De Luisa a 04.12.2017 às 21:01

...dizer mais o quê?
...e ainda assim, tudo o mais é sempre pouco.

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