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A primeira coisa é o sorriso, a maneira como ela sorri quando acha graça a alguma coisa. A forma como desenrola o sorriso em gargalhada, perante uma piada ou alguma coisa que a surpreende, em bom. A primeira coisa que nos chega dela, é o sorriso, desde pequena. Estou a vê-la fotografada, a fazer poses, na varanda de casa, de t-shirt azul com uma florzinha amarela, pequenina. Esse sorriso nunca desapareceu, ao longo de todo este tempo. 

Quando nasceste, minha pequenina, estava um tórrido dia de verão, eu tinha uma t-shirt cor de laranja dos Garbage, a Maternidade Alfredo da Costa suava. O trabalho de parto levou quase um dia inteiro. Quando te peguei a primeira vez, foi numa salinha onde te pesaram. Parece que lá estou, até me arrepio de tão presente que é essa memória. Disse-te "Eu é que sou o teu pai.", e lembro-me que chorei. Estava tão contente. Nunca, na minha vida, tinha sentido uma alegria tão grande. Aquele primeiro momento na vida em que eu disse, do fundo de mim "Nunca tinha estado tão feliz. Este é o Everest da felicidade. Daqui de cima vejo todas as misérias do mundo, e não as vejo de todo. Só vejo arco-íris de felicidade, só vejo rios de alegria a desaguar em toda a humanidade, sonhos bons que se cumprem, toda a esperança é legítima, a vida pode correr bem, nasceu a Mafaldinha".

Ela é a melhor irmã que alguém pode ter, gostava de me demorar nisto aqui um bocadinho.

O Gonçalo tem nela o seu farol, a luz que vai sempre iluminar-lhe o caminho, e ser porto de abrigo, inspiração e referência. Os mais pequenos todos adoram-na, e ver como ela gosta genuinamente de descer degraus na idade, de repente, e brincar com eles, genuinamente divertida, é comovente. A Mafalda mana, que maravilha, que bom que é estar a vê-la ser isso, tão bem.

O defeito de ser desarrumada em casa é só um detalhe que destoa, numa miúda que, no resto, é tudo, mesmo tudo - e mais ainda - que um pai podia sonhar. Lembro-me sempre, neste dia, daquela tarde em que ela desapareceu, e em que o meu mundo se partiu todo em mil bocados de negritude e desorientação. Graças a Deus, apareceu. 

A Mafalda é hoje uma miúda de 17 anos, a sonhar com o seu curso de Nutrição, a praticar uma alimentação sem carne, mas com Santini. Muito, de preferência. De Sushi  ("Pai podemos ir ao Raul? Vá lá..."), de pasteis de Nata da Manteigaria...Os fatos de banho da Canté; o mundo, para ela encantado, da maquilhagem; a música com muita atenção a todas as palavrinhas, que uma canção, como a vida, não é so a embalagem, é tudo o que traz dentro. 

Olho para a Mafalda e só penso: que sorte incrível que tenho, que bênção! Ao longo da vida, não foi só o pai que esteve lá sempre, como pode e soube, para ela. Foi ela que esteve sempre comigo. Que nunca me falhou na compreensão, alegria, paciência, brincadeira, cumplicidade absoluta que está nos detalhes de personalidade que partilhamos, às vezes tão iguaizinhos. 

Sim, 14 de Julho é sempre um dia especial. Acordo feliz. Mais do que no meu próprio dia de anos, acho! 

A minha filha mais velha faz anos. Todo o planeta devia festejar, não há muitos seres humanos tão espectaculares. Não é por ser minha filha, mas fogo! É mesmo maravilhosa e merece que a vida seja aquilo que ela sonha. Tem o coração no sítio certo, percebe que, na vida, o mais importante não são os números, são as pessoas. Conta sempre com esta pessoa, que tem a sorte de ser o teu pai. Sempre, meu amor.

Parabéns, pequenina. 

 

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1 comentário

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De Sofia a 31.07.2017 às 13:56

Parabéns Pedro pelo texto maravilhoso dedicado à tua filha, que tem com certeza muito do pai e da tranquilidade da mãe para ser especial assim...

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