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Hoje mergulhei numa história que queria, há muito, conhecer. Eu devia ter cursado História, porque este fascínio de olhar para o tempo que foi, e seguir as pistas que explicam o hoje, é algo que sempre senti. A ideia de procurar o caminho que me trouxe à vida, quem foram aqueles que estão para trás, o que faziam, eram de onde, o que fizeram. E eis que o Luis Varela, que faz o favor de ser meu ouvinte, decide oferecer-me esta investigação.

Ele tem um site, https://www.aminhafamilia.pt/, e é este o seu trabalho: escavar na memória que está guardada em arquivos, mas também em dioceses e paróquias, cá e lá fora. Nomes, nascimentos, batizados, casamentos, divórcios e óbitos. E tudo que se possa obter das entrelinhas de tudo isso. Fascinante, digo-vos, esta coisa de ser um arqueólogo de vidas vividas.

Eu, que nasci em Lisboa, é com emoção que descubro raízes minhas não só nesta região, mas também em Tábua, na Covilhã, em Castelo Branco, em Estarreja, em São Pedro do Sul, em Góis, em Arganil. E há filhos de pais incógnitos, há gente muito pobre, que viveu com enormes dificuldades, há antepassados que foram serventes, um linotipista (tive de ir ver o significado, sim), um eletricista, houve camponeses e vendedores de jornais, uma costureira, houve tecelões. Não há registo de um médico, um engenheiro, um advogado.

Até ao que é possível recuar, até meados de 1700, este caminho que veio dar a este Pedro, e continuará, em primeira instância, pela Mafalda, a Maria, a Carminho e o Gonçalo; é um caminho que percebo sofrido e duro. Sei que, aos meus filhos, deixarei um caminho mais desanuviado, com outros horizontes e possibilidades. Mas sempre com máximo respeito por todos os que nos antecederam, por tudo o que passaram, pelas dificuldades com que tiveram de lidar para sobreviver e passar o seu testemunho a cada geração seguinte.

Aqui estou, à beira dos 50.

A vida encontra sempre um caminho.

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6 comentários

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De Anónimo a 25.03.2022 às 10:57

Bom dia, Pedro, chamo-José António, escrevo de Angola. Gosto de ouvir as Manhãs da Comercial. Ouvi a sua emocionante história sobre a sua família ter acolhido uma sofrida família ucraniana. Gesto nobre.

Por isso e por toda a compaixão que se tem demonstrado pelos ucranianos, pergunto-me: porquê que as famílias europeias não fizeram ou não fazem o mesmo pelos refugiados africanos? Há espaço na sua casa para moçambicanos, Congoleses, ruandeses ou emprego para esses humanos que só se diferem na cor dos outros seres humanos?
Mesmo que não levares essas minhas questões à rádio, o que seria bom, para séeia reflexão, analise com a sua família.
Boa sexta-feira.

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