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Hoje mergulhei numa história que queria, há muito, conhecer. Eu devia ter cursado História, porque este fascínio de olhar para o tempo que foi, e seguir as pistas que explicam o hoje, é algo que sempre senti. A ideia de procurar o caminho que me trouxe à vida, quem foram aqueles que estão para trás, o que faziam, eram de onde, o que fizeram. E eis que o Luis Varela, que faz o favor de ser meu ouvinte, decide oferecer-me esta investigação.

Ele tem um site, https://www.aminhafamilia.pt/, e é este o seu trabalho: escavar na memória que está guardada em arquivos, mas também em dioceses e paróquias, cá e lá fora. Nomes, nascimentos, batizados, casamentos, divórcios e óbitos. E tudo que se possa obter das entrelinhas de tudo isso. Fascinante, digo-vos, esta coisa de ser um arqueólogo de vidas vividas.

Eu, que nasci em Lisboa, é com emoção que descubro raízes minhas não só nesta região, mas também em Tábua, na Covilhã, em Castelo Branco, em Estarreja, em São Pedro do Sul, em Góis, em Arganil. E há filhos de pais incógnitos, há gente muito pobre, que viveu com enormes dificuldades, há antepassados que foram serventes, um linotipista (tive de ir ver o significado, sim), um eletricista, houve camponeses e vendedores de jornais, uma costureira, houve tecelões. Não há registo de um médico, um engenheiro, um advogado.

Até ao que é possível recuar, até meados de 1700, este caminho que veio dar a este Pedro, e continuará, em primeira instância, pela Mafalda, a Maria, a Carminho e o Gonçalo; é um caminho que percebo sofrido e duro. Sei que, aos meus filhos, deixarei um caminho mais desanuviado, com outros horizontes e possibilidades. Mas sempre com máximo respeito por todos os que nos antecederam, por tudo o que passaram, pelas dificuldades com que tiveram de lidar para sobreviver e passar o seu testemunho a cada geração seguinte.

Aqui estou, à beira dos 50.

A vida encontra sempre um caminho.

Family 3.jpg

 

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6 comentários

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De da Cozinha da Sofia a 06.11.2020 às 09:50

Maravilhoso! Depois de ler estas linhas fiquei com uma imensa curiosidade de descobrir o que está para trás, até onde vão as raízes, muito além daquilo que conheço. Também eu nasci em Lisboa mas cresci muito perto de Arganil com os meus avós. Uma infância extremamente feliz rodeada de pessoas simples, de poucas posses mas de uma humildade incrível. O trabalho e o coração bom marcam aquelas gentes. Grata pela sua partilha e muitos parabéns. Por ser um excelente profissional, um líder no (real sentido da palavra) de uma equipa única e acima de tudo isso, um grande ser humano.
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De Etan Cohen a 08.11.2020 às 07:51

Meu caro:
Não se incomode, não se envaideça, não se deixe levar pelo entusiasmo, no fundo o senhor, herdeiro de pedreiros, modistas, camponeses e afins, até um com uma profissão tão esquisita corresponde àquilo que nos USA é uma espécie de ethos nacional o chamado American Dream: liberdade, muita liberdade e crença que com trabalho e dedicação se consegue chegar onde queremos!
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De Anónimo a 11.12.2020 às 20:11

E para quando um regresso a Arganil? Seria um gosto receber tão ilustre senhor e sua numerosa família! Acolhemos bem e de há muito tempo!
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De Antia a 16.12.2020 às 17:53

Gostei muito de ler, também os comentários feitos na sua postagem são dignos de admiração
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De Anónimo a 25.03.2022 às 10:57

Bom dia, Pedro, chamo-José António, escrevo de Angola. Gosto de ouvir as Manhãs da Comercial. Ouvi a sua emocionante história sobre a sua família ter acolhido uma sofrida família ucraniana. Gesto nobre.

Por isso e por toda a compaixão que se tem demonstrado pelos ucranianos, pergunto-me: porquê que as famílias europeias não fizeram ou não fazem o mesmo pelos refugiados africanos? Há espaço na sua casa para moçambicanos, Congoleses, ruandeses ou emprego para esses humanos que só se diferem na cor dos outros seres humanos?
Mesmo que não levares essas minhas questões à rádio, o que seria bom, para séeia reflexão, analise com a sua família.
Boa sexta-feira.
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De meialaranjainteira a 29.06.2022 às 23:50

Se fossemos árvores, eram as raízes que nos sustentariam. Somos pessoas, mas como nas árvores, são as raízes que, não nos definindo, nos suportam nas escolhas que fazemos. :)

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