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Estamos mal.

por PR, em 08.01.15

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Vivemos tempos que misturam duas coisas. intolerância e ignorância. Há um vazio de educação, que é uma praga dos tempos modernos, e abre alas para que se instale a ignorância, explorada por fanáticos, para alienar milhões de pessoas infelizes e frustradas - com a pobreza ou impossibilidade de riqueza, com o desemprego, a falta de condições de vida, a falta de valores, de educação, de referências boas. O que é assustador é perceber que aqueles infelizes que beberam da ignóbil retórica dos fundamentalistas e assassinaram aquelas pessoas em Paris servem apenas um propósito, para quem os "formou": Não está em causa nenhuma fé. Trata-se só de provocar uma reacção igualmente bárbara (uma vez mais) para depois sublinhar uma vitimização oportunista que possa fazer aumentar, ainda mais, o exército dos fanáticos, ao serviço de interesses de que nem desconfiam.  

Aquilo de Paris, como aquilo de Madrid, Londres, Nova Iorque. E Iraque, Síria, Iémen, Afeganistão...não tem a ver com fé. Não tem nada a ver com o Islão. Tem a ver com ignorância e intolerância. É estúpido e desprezível. A sátira do jornal Charlie Hebdo já teve como alvo judeus, católicos, maoistas, trotskistas, comunistas. Dizer que os cartoons com Maomé eram ofensivos e que, por causa da sua repetida publicação, "eles estavam a pedi-las", como já ouvi e li, só mostra uma coisa: a ignorância é uma praga global.

Nada justifica o homicídio, muito menos um cartoon.. Não perceber isso é participar da barbárie. É ser cúmplice com o fanatismo. Que é veneno. Estamos mal.

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6 comentários

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De Kok a 08.01.2015 às 15:44

Subscrevo este seu texto que exemplifica a "burrice" dos que, após o acto se apressam a criticar as vítimas (estavam a pedi-las).
São possivelmente os mesmos que entendem ser melhor não falar nos assuntos "convencidos" que desse modo eles não existam.
Ou então, são capazes de afirmar que: "isso é tudo um exagero" e/ou que "a culpa é dos jornalistas".
Cumprimentos.
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De .. a 08.01.2015 às 16:01

Concordo! Sendo que a que expressei, sobre, talvez esteja atabalhoada, não pretendia dizer que se fizesse uma limpeza e os "tornássemos" mártires porque "cavalheiros e cavalheiras" desta estirpe e (de outras) andarão sempre pela terra, (também farão falta a alguém vá-se lá saber a quem) mas que se devia... É uma ideia tão estúpida como outras por aí, "espetar-se" com as suas peripécias em pacotes de cigarros já que estes são ainda mais letais que todas as "causas" que podem causar a morte a um cidadão qualquer que ouse fazer-lhes frente! Talvez para os nossos "miúdos" à semelhança daquela maltinha que leva uma lavagem ao cérebro que não é brinquedo percebessem que aquilo não são só rosas! Perdoe-me a ousadia de ter comentado. Bem haja pelo post.
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De Sofia Margarida a 08.01.2015 às 16:01

Ora nem mais, estamos mesmo mal!
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De Dibujo a 10.01.2015 às 00:02

Concordo a 100%.. Sou movida pela esperança de que no fim o bom senso, a tolerância e o respeito têm de vencer.
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De Anónimo a 14.01.2015 às 19:09

Discordo. Acho que ambos estiveram mal. Quando o bem estar de uns termina com o bem. estar dos outros e meio caminho para arranjar problemas.
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De João Martins a 26.01.2015 às 18:30

"A sátira do jornal Charlie Hebdo já teve como alvo judeus, católicos, maoistas, trotskistas, comunistas."

Curioso, ou nem tanto, dado o teor das publicações que li neste blog, verificar que o Pedro Ribeiro refere nessa frase um conjunto de pessoas religiosa e ideologicamente conotadas, mas olvida, ou prefere ignorar, que o CH tinha recorrentemente por alvo o partido francês mais votado, o Front National, e que chegou, é preciso dizê-lo, a sugerir numa das suas capas a interdição da Frente Nacional, precisamente aquele partido que há anos alerta os franceses para iminência de ataques terroristas por parte daqueles que, como seguramente o Pedro Ribeiro, são designados como "chance pour la France".
Triste ironia.
Já sabemos que essa coisa da liberdade de expressão é muito bonita, mas de preferência deve ser aplicada apenas às opiniões concordantes com a do pensamento vigente e o Pedro Ribeiro, que até se esforça por animar um programa de rádio, é um triste exemplo da nefasta influência desse pensamento único, amarrada ao não menos nocivo e imbecil politicamente correcto.

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