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Vivemos tempos que misturam duas coisas. intolerância e ignorância. Há um vazio de educação, que é uma praga dos tempos modernos, e abre alas para que se instale a ignorância, explorada por fanáticos, para alienar milhões de pessoas infelizes e frustradas - com a pobreza ou impossibilidade de riqueza, com o desemprego, a falta de condições de vida, a falta de valores, de educação, de referências boas. O que é assustador é perceber que aqueles infelizes que beberam da ignóbil retórica dos fundamentalistas e assassinaram aquelas pessoas em Paris servem apenas um propósito, para quem os "formou": Não está em causa nenhuma fé. Trata-se só de provocar uma reacção igualmente bárbara (uma vez mais) para depois sublinhar uma vitimização oportunista que possa fazer aumentar, ainda mais, o exército dos fanáticos, ao serviço de interesses de que nem desconfiam.
Aquilo de Paris, como aquilo de Madrid, Londres, Nova Iorque. E Iraque, Síria, Iémen, Afeganistão...não tem a ver com fé. Não tem nada a ver com o Islão. Tem a ver com ignorância e intolerância. É estúpido e desprezível. A sátira do jornal Charlie Hebdo já teve como alvo judeus, católicos, maoistas, trotskistas, comunistas. Dizer que os cartoons com Maomé eram ofensivos e que, por causa da sua repetida publicação, "eles estavam a pedi-las", como já ouvi e li, só mostra uma coisa: a ignorância é uma praga global.
Nada justifica o homicídio, muito menos um cartoon.. Não perceber isso é participar da barbárie. É ser cúmplice com o fanatismo. Que é veneno. Estamos mal.