Nós.
por PR, em 09.02.11
A notícia da descoberta de uma senhora que morreu só, em sua casa, e foi agora encontrada, 9 anos depois, é um choque tremendo. Porque deixa sinais definitivos de uma organização social que tem algumas pontas soltas assustadoras.
Como a pobreza extrema, a violência sobre crianças, a falta de liberdade, os maus tratos a mulheres, a xenofobia, a pedofilia, o sexismo, a hipocrisia como forma de vida, a negligência em relação aos mais velhos é um sinal de que, no mínimo, andamos todos distraídos. Ou a olhar demasiadas vezes para o lado, em negação. É uma história que nos envergonha a todos, afinal.
E a todos deve fazer pensar. Mas não havia família, ninguém deu pela sua falta, ninguém quis saber?
Aparentemente...não.
Quantas pessoas estão a esta hora, completamente sozinhas, à mercê da passagem do tempo, sem que ninguém queira saber?
Que tristeza, que medo.
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21 comentários
De Rui Cavaco a 09.02.2011 às 20:29
Vi a notícia, à hora do almoço, na TV.
Por muito impressionante que seja a situação, e é, mais impressionante é haver alguém que se preocupou, que procurou respostas, que encontrou familiares (que não ligaram), que conseguiu que a GNR lá fosse ao prédio duas vezes, só para lhe dizerem que não podiam abrir a porta.
Ora, estando uma pessoa efectivamente desaparecida (já que as pessoas próximas não sabiam dela), não tinha de haver lugar a uma investigação por parte das autoridades, que lhes permitisse entrar na casa?
É realmente assustador...
Por muito impressionante que seja a situação, e é, mais impressionante é haver alguém que se preocupou, que procurou respostas, que encontrou familiares (que não ligaram), que conseguiu que a GNR lá fosse ao prédio duas vezes, só para lhe dizerem que não podiam abrir a porta.
Ora, estando uma pessoa efectivamente desaparecida (já que as pessoas próximas não sabiam dela), não tinha de haver lugar a uma investigação por parte das autoridades, que lhes permitisse entrar na casa?
É realmente assustador...
De Paula a 09.02.2011 às 20:42
È que foram 9 anos...
Também me assustou. Só pensei. Em que mundo é que vivo?
Obrigado por esta noticia não lhe ter passado ao lado.
Também me assustou. Só pensei. Em que mundo é que vivo?
Obrigado por esta noticia não lhe ter passado ao lado.
De aespumadosdias a 09.02.2011 às 21:10
São poucos os que se interessam pelos os outros. Na maior parte das vezes quando vemos um vizinho só dizemos "Bom dia! Como está?" e seguimos...
De Sílvia a 09.02.2011 às 21:13
Realmente é assustador! Fiquei chocada, mas infelizmente, parece-me que é para isto que caminhamos...
De paula sofia luz a 09.02.2011 às 21:50
que medo, sim, Pedro. Que tristeza :(
De Bombeiro Sapador a 09.02.2011 às 22:59
Caro Pedro,
é difícil ficar indiferente a uma notícia destas, mas acredite que na cidade de Lisboa é muito frequente ser solicitada a presença do Regimento de Sapadores Bombeiros para situações de abertura de portas com suspeita de alguém no interior (a maior parte das vezes já sem vida). Infelizmente o isolamento dos idosos nas grandes cidades é uma realidade.
Abraço e obrigado por fazer deste um Mundo melhor.
Marcamos encontro a partir das 07:00 todos os dias.
é difícil ficar indiferente a uma notícia destas, mas acredite que na cidade de Lisboa é muito frequente ser solicitada a presença do Regimento de Sapadores Bombeiros para situações de abertura de portas com suspeita de alguém no interior (a maior parte das vezes já sem vida). Infelizmente o isolamento dos idosos nas grandes cidades é uma realidade.
Abraço e obrigado por fazer deste um Mundo melhor.
Marcamos encontro a partir das 07:00 todos os dias.
De mcorreia a 09.02.2011 às 23:38
O que impressiona é que passaram 9 anos.
Não foram 9 dias ou 9 meses. Foram 9 anos.
Tanto que acontece na vida de uma pessoa em 9 anos.
É assustador.
Não foram 9 dias ou 9 meses. Foram 9 anos.
Tanto que acontece na vida de uma pessoa em 9 anos.
É assustador.
De Franclim Vieira a 10.02.2011 às 08:04
Muito triste mesmo .
Que Mundo é este em que vivemos ?
Custa-me saber de noticias destas e também saber de alguma indiferença que existe perante os outros de uma forma gritante. Para quem nasceu num bairro popular de Lisboa em que toda a gente se conhecia e falava , em que o pedir um pouco de salsa , um pouco de sal aos vizinhos era normal , onde os filhos dos vizinhos vinham para nossa casa e nós o contrário e brincávamos , comíamos na casa uns dos outros .
Ele hoje há prédios em que as pessoas só se vêem nas reuniões de condomínio .
Absolutamente triste ...
Tive a oportunidade de nestes últimos dias ter participado na Feira do Ano Europeu do Voluntariado e no final sai muito mais rico em todos os aspectos porque ainda existem pessoas que dão em troca não esperando retorno , que dão sempre mais do que recebem mas que ajudam os outros .
Respeito e Agradecimento a estas pessoas ...
Que Mundo é este em que vivemos ?
Custa-me saber de noticias destas e também saber de alguma indiferença que existe perante os outros de uma forma gritante. Para quem nasceu num bairro popular de Lisboa em que toda a gente se conhecia e falava , em que o pedir um pouco de salsa , um pouco de sal aos vizinhos era normal , onde os filhos dos vizinhos vinham para nossa casa e nós o contrário e brincávamos , comíamos na casa uns dos outros .
Ele hoje há prédios em que as pessoas só se vêem nas reuniões de condomínio .
Absolutamente triste ...
Tive a oportunidade de nestes últimos dias ter participado na Feira do Ano Europeu do Voluntariado e no final sai muito mais rico em todos os aspectos porque ainda existem pessoas que dão em troca não esperando retorno , que dão sempre mais do que recebem mas que ajudam os outros .
Respeito e Agradecimento a estas pessoas ...
De Pedro Reis a 10.02.2011 às 09:43
É muito triste e lamentável que ninguém, especialmente da família, não a tenha contactado durante 9 anos. Nem aniversários, nem natais, nem nada! Ninguém sentiu a falta dela, é o essencial!!! Acho que é o pior que nos pode acontecer - ninguém sentir a nossa falta...
E só chegaram a ela porque houve uma penhora por parte do Estado de uma dívida de cerca de 1.500 €, mas este Estado nem com a forças de segurança nem com a segurança social gastou alguns euros para abrir aquela porta...
Infelizmente, neste mundo cada vez mais de cão, se a senhora tivesse algum património, se calhar teria sido contactada muitas vezes mais por muita "boa" gente.
Dá-se mais valor ao material do que ao essencial - as pessoas!
Abraço.
E só chegaram a ela porque houve uma penhora por parte do Estado de uma dívida de cerca de 1.500 €, mas este Estado nem com a forças de segurança nem com a segurança social gastou alguns euros para abrir aquela porta...
Infelizmente, neste mundo cada vez mais de cão, se a senhora tivesse algum património, se calhar teria sido contactada muitas vezes mais por muita "boa" gente.
Dá-se mais valor ao material do que ao essencial - as pessoas!
Abraço.
De Rita a 10.02.2011 às 11:05
Pedro infelizmente o que mais há são casos assim.
Nunca mais me esqueço de ver uma senhora já com os 70 e muitos no programa da TVI, você na tv, a dizer que é viuva e que no prédio dela só mora mais uma senhora. Ela simplesmente disse que a unica coisa que a mata é a solidão. Não tem filhos, não tem sobrinhos, não tem irmãos, não tem ninguém.
A senhora disse que chega a marcar numeros completamente à toa só para ouvir alguém do outro lado do telefone... Já foi a algum tempo, mas ouvi-la dizer que faz isso, tocou-me de uma maneira impenssável. Lembro-me dela vezes sem conta.
Nunca mais me esqueço de ver uma senhora já com os 70 e muitos no programa da TVI, você na tv, a dizer que é viuva e que no prédio dela só mora mais uma senhora. Ela simplesmente disse que a unica coisa que a mata é a solidão. Não tem filhos, não tem sobrinhos, não tem irmãos, não tem ninguém.
A senhora disse que chega a marcar numeros completamente à toa só para ouvir alguém do outro lado do telefone... Já foi a algum tempo, mas ouvi-la dizer que faz isso, tocou-me de uma maneira impenssável. Lembro-me dela vezes sem conta.