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Tenho ideia que era uma sexta feira. Depois de 3 anos no maravilhoso CMR, era 7 de Maio de 93 e entrei pela 1ª vez, por umas portas de fundo branco e o logotipo antigo, percorri o mítico corredor da Sampaio e Pina, a medo, sem poder imaginar que 32 anos depois aqui estaria, diretor da Rádio Comercial, líder de audiências.
32 anos desta casa, hoje.
Não há forma de resumir o que estes corredores, estúdios, salas e recantos foram e são, na minha vida. O tanto que me aconteceu aqui. A tanta vida que vivi, a ponto de haver partes que parecem não me pertencer mais.
Foram muitas vidas diferentes numa só, na verdade. Porque em 32 anos, mudamos. Nós e o nosso universo particular. Como não?
O miúdo que era com 22 anos, sei lá eu!
Alguns dos melhores e alguns dos piores dias, vivi-os aqui. Tive de arranjar maneira de renascer, algumas vezes. Porque houve golpes muito duros e violentos. Mas houve, sobretudo, dias de uma alegria tão, mas tão grande. Caramba, se houve. Se há!
Nos estúdios a fazer emissão, claro. É uma felicidade muito particular, segundos singulares que só entende quem é deste ofício. Aquele rush of blood to the head que vem de uma música, ou do que um ouvinte tem a generosidade de nos dizer, ou de uma intervenção nossa que saiu mesmo bem, ou aquele ideia que resulta em pleno, as pessoas que nos inspiram, os sonhos que depois se concretizam. Aqui, na Rua Sampaio e Pina 24.
32 anos de Rádio Comercial. E outras pelo meio, quando teve de ser.
Um dia, teremos de mudar de instalações. Se calhar por isso, ter sido lembrado, hoje, desta minha efeméride, me deixou tão emocionando, de repente.
Há 32 anos que aqui trabalho. Aqui construí o meu caminho. Ora de pedras ora feito a flutuar, em absoluto êxtase.
Esta é a minha casa. E será, mesmo quando, um dia, deixar de ser.
Porque, e isso dirá qualquer pessoa que por aqui passou, quem aqui trabalha, não esquece. Isto marca. Isto entranha-se. É casa, é pertença, é legado.
As instalações são velhas, às vezes inundam quando chove, não há espaço para mais e melhores estúdios, não temos espaço suficiente para tudo o que queremos que aqui aconteça, a arquitetura dificulta, porque é muitas vezes um labirinto, com escadas e andares que ficam, na verdade, em mais do que um prédio...mas todos os dias, o ritual de passarmos uns pelos outros no corredor e dizermos "bom dia", sorrindo, é único. Porque é bom trabalhar aqui.
É mesmo bom.
32 anos aqui. Foi ontem e foi há mil anos.

 

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1 comentário

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De Marco a 07.05.2025 às 20:16

Parabéns pela maratona que tem sido.

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