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Desaparece o português mais influente da política portuguesa da segunda metade do século vinte. Nunca votei Soares, mas reconheço-lhe um indiscutível mérito: a luta por um Portugal pluralista, não subordinado a qualquer pensamento único, um viver em Liberdade.
Vitima deste tempo em que se assassina o carácter e a memória através de mentiras propagadas em qualquer rede social, e assumidas como verdade sem discussão nem dúvida nem perguntas; Soares acabaria por sorrir ao perceber estes efeitos colaterais e saudáveis da Liberdade pela qual lutou. Nunca votei nele, porque dele discordei muito, na forma e no conteúdo, tantas vezes. Mas admiro-o profundamente, e sou-lhe grato, enquanto cidadão livre deste país. Soares foi, muitas vezes, fixe.
Foi também humano e tão português nos seus exageros, nos defeitos, na vaidade indomável, nos momentos de sobranceria "Ò sr Guarda, desapareça!", e na maneira como personificou o pior do PS, tantas vezes.
Mas foi corajoso. Foi um lutador, que aceitou com inabalável espírito democrático, ganhar e perder eleições. Foi ele que evitou que o país caísse numa ditadura depois de ter derrubado outra. Esteve no processo de adesão à Europa, teve mundo, visão histórica, teve sentido de humor, foi um português maior.
Pela minha parte,obrigado.