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Soares

por PR, em 09.01.17

Desaparece o português mais influente da política portuguesa da segunda metade do século vinte. Nunca votei Soares, mas reconheço-lhe um indiscutível mérito: a luta por um Portugal pluralista, não subordinado a qualquer pensamento único, um viver em Liberdade. 

Vitima deste tempo em que se assassina o carácter e a memória através de mentiras propagadas em qualquer rede social, e assumidas como verdade sem discussão nem dúvida nem perguntas; Soares acabaria por sorrir ao perceber estes efeitos colaterais e saudáveis da Liberdade pela qual lutou. Nunca votei nele, porque dele discordei muito, na forma e no conteúdo, tantas vezes. Mas admiro-o profundamente, e sou-lhe grato, enquanto cidadão livre deste país. Soares foi, muitas vezes, fixe. 

Foi também humano e tão português nos seus exageros, nos defeitos, na vaidade indomável, nos momentos de sobranceria "Ò sr Guarda, desapareça!", e na maneira como personificou o pior do PS, tantas vezes.

Mas foi corajoso. Foi um lutador, que aceitou com inabalável espírito democrático, ganhar e perder eleições. Foi ele que evitou que o país caísse numa ditadura depois de ter derrubado outra. Esteve no processo de adesão à Europa, teve mundo, visão histórica, teve sentido de humor, foi um português maior.

Pela minha parte,obrigado.

 

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2 comentários

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De sandra costa pereira a 12.01.2017 às 06:56

Subscrevo e recomendo a leitura.
Soubéssemos nós usar, utilizar e abusar o Bom Senso e faríamos "disto" um mundo melhor.
Parabens pelo texto, obrigada pela serenidade.
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De sarabudja a 12.01.2017 às 16:29

Que forma tão digna de apresentar alguém com quem nem sempre concordou na forma ou no conteúdo.
E sim, aquelas peneiras muito típicas do português tornaram-no muito mais próximos de miúdos, como eu, que nos idos 80 e 90 o víamos subir às tartarugas ou elefantes, falar de peito feito. Depois foi só querer saber mais, mais do que o que se vomita em qualquer canto de uma rede social e aos que se prestam a colar os cartazes da difamação de quem não se pode defender (e não quereria) de uma multidão sem rosto, tantas vezes de nome trocado e confusa.
Obrigada também por isto. Como se perceber que me fazer chegar "sol firme e céu azul" em tantos dias de janela cinzenta não fosse tanto!!

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