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por PR, em 01.06.16

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Penso nisto tantas vezes.

Poder, só por um dia, passar o dia a jogar à bola na rua...Ir ao Cendas ou ao Costa &Teixeira fazer recados à minha mãe, ir ao pão quente à Folha Verde, esperar pelas embalagens de Super Gorila que descarregavam num armazém ali ao lado, ir namorar as bolas Mikasa à Lituxa, e espreitar os jornais desportivos...Ir à praia com os amigos, ou ficar a estudar lá em casa e marchar o resto da feijoada do jantar ao fim da noite...Ir para casa do Pedro jogar Chuckie Egg ou irmos todos ao sábado jogar ténis para o estádio nacional... Só por um dia, voltar lá!
Ir para a escola, jogar à bola mas também fazer corridas de pneus, ir brincar para os galinheiros ou para o sótão com lanternas...Ir buscar a minha irmã ao Castelinho, saltar à fogueira na rua no Santo António, ir ao Estádio da Luz e entrar sem pagar, jogar à bola no intervalo, nos ginásios debaixo do antigo terceiro anel...Ou apanhar o autocarro na Rua de Belém (mais novo do que o Gonçalo é hoje) e ir para o Ciclo, em Nova Oeiras, feliz como não podia ter ideia que era.
No dia 01 de Junho entrar na gincana da escola, descobrir rebuçados em pratos cheios de farinha, fazer corrida em sacos de batatas...e, no último dia do ano, passar o dia num piquenique nos Capuchos, em Sintra, que aventura!

Ter aquela noção que nem sequer é consciente mas está lá sempre: há tempo. Vibrar com uns le coq sportif da Garça Real, ou uns Diadora da Casa dos Pneus e dar-lhe mesmo valor porque eram um bem raro, havia que usar até estarem completamente rotos. As consoadas em casa dos meus padrinhos na Amadora, o jogar à bola no corredor com a minha irmã, ouvir horas a fio a música na aparelhagem da sala, com uns auscultadores gigantes, querer aprender a letra de todas as músicas, sempre de ouvido. Ter, anos a fio, uma paixão na escola, e só a confessar quando ela já não era correspondida. Ouvir rádio, saltar de estação à procura dos jingles e não da música. Estender o campo de futegolo no chão do quarto, jogar com bonecos entretanto todos partidos...mas era maravilhoso escrever a crónica de jogo em pequenos blocos A5 cor de laranja. E gravar o relato para o gravador, em cassetes onde o meu pai tinha música muito esquisita.  A carne assada com aquele molho por cima das batatas fritas, aquele arroz de frango com milho, o sabor de infância do bife com batatas fritas...que saudades.


Ser criança: que maravilha que foi.

 

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